Jenson Button logo após descer do carro ao final do GP da Espanha denotavam um piloto realmente aterrorizado. “Na sexta, os long runs foram bons mas… foi realmente assustador pilotar hoje. Toda vez que eu tocava o acelerador, a traseira perdia. Sei lá… tenho certeza que tinha algo de errado. O problema é que nas curvas de baixa, as rodas giravam em falso quando acelerava. E nas curvas de alta… era muito assustador, assim que você tocava o acelerador, a traseira escapava. E não era gradual como normalmente acontece. É muito estranho, algo que precisamos investigar”.
Depois, o inglês pintou um tom sombrio para a temporada da McLaren. “Depois de hoje, acho que nem vamos pontuar nesta temporada”. Mas relativizou em seguida. “Espero que tenha sido um dia incomum em que não acertamos. O final de semana vinha sendo relativamente bom para nós, estava feliz da maneira que o carro vinha se comportando. Mas foi como se tivessem apertado um botão na corrida. Perdemos aderência na traseira logo de cara, e não foi uma questão de equilíbrio porque o carro saía também de frente”.
Durante a transmissão da prova no Grupo Band de Rádio eu já havia chamado atenção para estas características conflitantes no comportamento do carro – sair de frente e de traseira ao mesmo tempo. É como se Button tivesse sentado num touro de rodeio durante todo o GP da Espanha.
O outro carro também deu susto em Barcelona, com Fernando Alonso perdendo os freios e quase atropelando os mecânicos quando parou nos boxes. Mas, neste caso, a culpa não foi da equipe, uma vez que a causa do superaquecimento dos discos de carbono veio de uma sobreviseira solta na pista que foi colhida pelo carro do espanhol.
Ainda assim, terminar o final de semana com um discreto 16º lugar foi muito aquém do que a equipe esperava para iniciar a temporada europeia. No sábado, os sinais também não foram muito positivos, com Alonso se classificando em 13º no grid de largada e com Button logo atrás, mas ambos ficando a mais de um segundo de uma vaga para o Q3, uma eternidade em termos de Fórmula 1.
Diante do fracasso, o toque final veio nas palavras do diretor de corridas Eric Boullier contidas no comunicado oficial do time. Na verdade, é difícil de engolir que uma pessoa que normalmente escorrega muito no idioma inglês tenha usado palavras como “supérfluo”, “abrupto”, “ambições robustas mas medidas” e “vexatório” quando se referiu aos assessores da equipe. Ficou com cara mesmo de desrespeito e de gozação num documento que, afinal, traz a visão do time para seus, hoje, preocupados torcedores.
Mas não devemos nos espantar se Boullier realmente teve esta postura. Ele assumiu o comando da McLaren em 2014, sendo o principal nome do time nas corridas e abaixo apenas de Ron Dennis na divisão de F-1 da empresa. No ano passado, não conseguiu elevar o time da quinta colocação entre os Construtores, tomando um banho da Williams mesmo dispondo do mesmo motor e de um orçamento infinitamente maior. E, há um ano e meio no cargo, Boullier ainda não conseguiu fazer com que a McLaren atraia algum grande patrocinador. Aos poucos, uma equipe que sempre foi contra restrições de orçamento começa a ver a realidade das contas chegando em ritmo maior do que os cheques. Difícil entender como os acionistas ainda o vêem como capaz de liderar o retorno do time ao topo.
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